sábado, janeiro 21, 2006

A história de um livro

Amigos este ano de 2006 promete ser diferente.
Alguns meses atrás tive umas ideas e surgiu a hipotese de começar a transpô-las para o papel, neste caso para o Word.
Está a começar a surgir uma história, ficcionada, se bem que em alguns casos poderão ser acontecimentos que tenham acontecido.
Vou colocar neste post o 1.º capitulo para saber a vossa opinião e se vale apena avançar com o "projecto"

14 de Agosto de 2006
Cabo Espichel


O final da tarde estava fantástico.
O céu limpo, o pôr-do-sol penetrava-me mente adentro.
Toda aquela massa vermelho fogo parecia querer apagar-se naquela imensidão de mar.
Ali estava eu junto à falésia a apreciar todo aquele espectáculo que a mãe natureza nos oferece diariamente.
A suave brisa marinha batia-me na cara… de repente, e quando dou por mim… estou a voar…
Na minha cabeça soava a bela ária da ópera de Puccini, Nessum Dorma de Turandot.
Nessum Dorma! Nessum Dorma
Tu pure, o principessa,
nella tua freda stanza,
guardi le stelle
che fremono d’amore
e de speranza
[1]
O corpo deslizava falésia abaixo com uma leveza descomunal, que mais parecia uma leve e doce pena.
Acordei.
Tarde de mais, o meu coração deixou de bater, deixei de sentir a brisa e de contemplar as maravilhas da natureza.
Naquele momento os cerca de meia dúzia de turistas que ali se encontravam ficaram estarrecidos com o sucedido.
Aglomeram-se junto a falésia onde tudo tinha acontecido e questionavam-se.
Desde logo ouviam-se “explicações” ao sucedido, mas só ele as tinha e essas tinham voado falésia abaixo juntamente com o seu corpo.
Meia hora depois aparecia a GNR e os bombeiros de Sesimbra, mas já era tarde, o corpo permanecia junto as rochas no fundo da imensa falésia.
Como habitual os guardas da GNR procuravam saber como as coisas tinham acontecido.
No centro das operações o Cabo Matias tentava recolher o máximo de depoimentos daqueles que supostamente teriam assistido.
- Ainda era novo, devia ter uns 30 e poucos anos. – dizia Patrícia
- Tinha cerca de 1,70 e tal, cabelo quase rapado… - referiu o Mário, o namorado da Patrícia.
O Mário e a Patrícia eram um jovem casal que se encontrava de férias em casa de uns amigos na Aldeia do Meco. Nunca eles pensaram ter um final de tarde tão agitado.
Enquanto isso os bombeiros desencadeavam a operação de resgate do corpo.
As cordas eram presas junto dos carros de forma a garantir a segurança dos homens que iam descer.
- Infelizmente isto acontece. Este ano ainda não tinha acontecido. – dizia o 2º Comandante Barroso.
Barroso era um dos membros mais velhos da corporação. Aos 55 anos tinha praticamente atingido a meta que sempre se propusera a atingir dentro da corporação.
Tinha entrado para os B.V. de Sesimbra aos 18 anos e como cadete conseguiu fazer coisas que muitos lá na corporação em longos anos de experiência não o conseguiram fazer.
- Oh Barroso, o que achas que se passou?
- Cá p’ra mim foi desgosto de amores! Até parece que é a primeira vez Matias.
Duas horas depois o corpo do jovem era içado e colocado dentro do saco para seguir para a morgue do hospital.
- Vê lá se tem alguma identificação? – perguntava o Cabo Matias.
- Nosso cabo encontrei algo no bolso das calças. Acho que é o BI.
- Traz-mo cá Costa.
- Filipe. Era assim que ele se chamava Barroso. 35 anos!...
- Nosso Cabo chegou o delegado do Ministério Público!
- Doutor, mais um… Ao que parece suicídio. Encontrava-se só segundo testemunhas oculares.
- Sr. Barroso sabe os procedimentos adoptar, trate aí da papelada para eu assinar e podem levar o corpo.
Eram 21h00 o sol tinha-se posto naquela tarde.
Apesar de ser Verão o gelo tinha imperado naquela fatídica tarde.
Filipe tinha morrido e com ele se foi uma vida de mistério e sedução.
Será que alguma vez se vai descobrir a verdade? Voltemos alguns meses atrás…

[1] Que ninguém durma! Que ninguém durma!
Tu também, oh princesa,
Nos teus gélidos aposentos,
Contempla as estrelas
Que tremem de amor
E de esperança.