quarta-feira, abril 27, 2005

Inter-Rail - 9º Dia (2ª parte)

30 de Julho de 2001 – 20h00 - Paraeus - Grécia

Estamos finalmente dentro do barco.
Chegamos relativamente cedo, por isso foi um pouco seca.
O Rui foi dar uma volta a ver se ainda faltava entrar muita gente.
Quando ele subiu, eu e o Valter começamos a mandar bocas. Uma rapariga que estava por trás estava a olhar fixamente para nós.
Passado um pedaço diz:
Manel são portugueses!
Encontramos uns portuguses para conversar.
Era dos Carvalhos (perto do Porto).
Ela a Vera, tinha a acabado o curso de Arquitectura e estava já a trabalhar numa das obras inseridas no Porto Capital Europeia da Cultura 2001.
Ele, o Manel, estava no último ano do mesmo curso, só que vai termina-lo num programa "Erasmus" em Espanha.
Andavam a fazer o InterRail pelas Ilhas Gregas e vão depois para a Turquia.
São muito fixes. Fartamo-nos de conversar.
Emprestaram-nos um livro sobre a Grécia, incluindo as ilhas.
Tivemos assim uma ideia do que irias ver.
Ficamos a saber que é uma das ilhas mais conhecidas (mas isso já nós sabíamos), com praias bonitas e com arquitectura muito própria e com muita, mas muita animação.
Como já estava a chegar o fim do dia, decidimos mudar do convés para o bar. Eles ficaram ainda no convés a jantar.
Como não havia nada para fazer, estivemos a jogar ao UNO.
Passado um bocado apareceram eles que se juntaram a nós.
Estivemos a noite quase toda a jogar UNO e ao sobe e desce.
Foi fixe, porque assim o tempo passou bem mais depressa.
Para o fim da viagem as coisas começaram a ficar um pouco piores. Havia grande turbulência e talvez por estarmos na mesa em frente ao bar, e com o cheiro a comida, estava a ficar um pouco enjoado.

quinta-feira, abril 21, 2005

Inter-Rail - 9º Dia (1ª parte)

30 de Julho de 2001 – Paraeus - Grécia

Estou sentado num café à espera que chegue a hora para apanhar o barco.
Mas voltando atrás...
... chegamos a Brindisi e atravessamos a rua da estação para ir tratar do bilhete para Patras.
Ficamos admirados porque para nosso espanto tivemos de pagar 46000 LR de suplemento (Chulos!!!).
O barco era às 19h30 e nós tínhamos pouquíssimo tempo e tínhamos de ir levantar dinheiro porque estávamos completamente lisos.
Uma confusão na casa de câmbios, porque não saibamos como fazer contas rapidamente de dracmas para escudos.
O homem dos barcos veio a correr porque tinha o táxi à espera e ainda estávamos longe do cais.
Saímos a correr sem dinheiro. Só tive tempo de ir levantar com o VISA 30 000 LR para pagar o táxi.
O homem do táxi foi a voar. No cais uma confusão total. Tivemos de sair a meio da fila e fomos a correr de mochilas as costas.
Grrrrrrrrrr, que horror!
Fizemos o check-in.
Entretanto os nossos amigos finlandeses chegaram e contaram-mos que foram chulados. Enquanto nós pagamos 30.000 LR de táx, eles pagaram 40.000 LR.
O Rui como estava mais à frente eu peguei no bilhetes deles e tratamos de tudo.
A partir daí ele fizeram a viagem junto de nós.
Entrámos para o barco. Escadas rolantes logo à entrada, até parecia luxuoso.
Pois! Era bom demais para ser verdade.
Tínhamos que ficar a dormir no convés. Quer dizer, nós e os outros.
A cena mais parecia aquela do "Titanic" em que os "pobres" estavam todos no porão. Buáaaaaaaaaaaaaa!!!
A noite começou a cair. Eram umas 8h e tal quando o barco partiu. O frio começava a apertar.
Pela primeira vez nas férias tive frio. Vesti a minha sweat-shirt do ISCAP e la ficamos.
Como o Valter ainda tinha 10.000 LR e o Rui uns trocados, fomos mais o finlandês trocar por dracmas.
Em seguida, como não tínhamos comida, fomos ao bar comprar umas coisitas.
Pegamos nas mochilas e fomos para um sítio mais resguardado para comer e passar a noite.
Jantamos o nosso humilde comerzinho, e como não havia nada para fazer, metemo-nos nos sacos cama e toca a dormir.
O saco cama é óptimo, é mesmo dos bons. Só já quase ao amanhecer tive um pouco de frio mas nada de preocupante.
Todos juntos (nós três e o casalinho finlandês) dormimos a noite toda.
Eram para aí umas 8h e tal da manhã e já estávamos acordados.
Já se via a costa. A paisagem era muito bonita. Mal nós sabíamos que só chegávamos às 13h00.
Após 14 horas de viagem lá chegamos á Grécia.
Em Patras separamo-nos dos nossos amiguinhos e fomos comer.
Comemos umas sandes muito boas. Faltavam 5 minutos para o comboio e fomos para a estação.
"Resmas" de pessoal à espera. Eis que chega o comboio (pseudo comboio).
O meu martírio estava a chegar.
Não imaginam, parecia uma cena de um país sub-sub-sub-desenvolvido.
Um calor insuportável, um sufoco total.
Uns bancos super velhos. O comboio parecia estar a despedaçar-se. Tínhamos 5 horas de viagem, o meu desespero foi total.
Fui-me abaixo das "canetas".
Só me apetecia desaparecer e chorar. Estou a falara sério.
Eu não queria demonstrar isso, mas o Rui e o Valter estavam sempre a meterem-se comigo.
Eu pura e simplesmente dizia para me deixarem.
O Valter ficou chateado comigo...
Quando chegamos a Atenas havia outro desafio a superar, encontrar quarto.
Uns homens distribuíam panfletos de pensões.
Nós tínhamos decidido ir de qualquer modo à pousada da juventude.
Tudo em Atenas nos é estranho.
A língua e a escrita é tudo diferente.
O que vale é que por baixo do nome das ruas, está escrito com os nossos caracteres.
Quando chegamos à pousada da juventude, para variar estava tudo cheio.
Antes disso tínhamos visto um quarto numa pensão que era pura e simplesmente horrível.
Saímos da pousada e quase em frente estava uma pensão. Vimos o quarto e ficamos.
Quando chegamos ao quarto o Valter virou-se para mim e disse:
Tás todo verde!!!
E não é que estava mesmo.
A minha t-shirt estava imunda, o meu pescoço verde, os meus calções também.
QUERO MORRER!!!
Tomei um banho duplo (isso mesmo).
Pusemos as roupas sujas de molho e fomos jantar.
Na recepção dois rapazes brasileiros estavam de saída.
Fomos então a um snack onde comi um pitchua (não sei se é assim que se escreve) e uma cerveja.
Demos umas voltas, compramos uns gelados e umas compritas.
Lavamos a roupa que ficou a estender a noite toda.
Hoje de manhã acordamos às 8h00, arrumamos as coisas, deixamos as mochilas na pensão e fomos para a acrópole.
O metro em Atenas é um espectáculo (a linha nova), tudo muito limpinho e bonito.
Nas estações até têm peças que encontraram aquando das escavações do metro.
Eram umas 10h30 quando chegamos à acrópole.
O calor já era enorme (35º) e tudo sem sombras.
Montes de pessoas. Lá fomos comprar o bilhete, e pela primeira vez o cartão internacional de estudante, serviu para alguma coisa – 1000 dracmas, metade do preço.
Apesar de ter gostado, pensei que fosse outra coisa.
O Parthenon está em obras de restauro e conservação.
Demos a volta aquilo tudo, tiramos as fotos "Dulce Pontes" como o Valter diz, e viemos embora.
Entramos no metro, e como os brasucas disseram que não havia crise em andar sem pagar, lá fomos.
Azar do caraças, não é que entraram os fiscais! Saímos logo na estação e fomos a pé.
Fomos andando até que encontramos uma agência de viagens e fomos comprar os bilhetes para ir para Mykonos.
Depois de comprados os bilhetes – 5000 Dracmas – fomos à pensão buscar oas mochilas e almoçar.
Apanhamos o metro e cá estou eu ainda sentadinho no café à espera da hora do barco.
Espero que os próximos dias em Mykonos sejam bem melhores e façam ultrapassar a minha má impressão acerca da Grécia.
Pode ser que com uns dias de praia a coisa se componha.
Mas só de pensar que tenho de fazer aquela viagem horrível outra vez até Patras, até fico doente. A ver vamos.
Lembrei-me agora.
Cortei a barba! Isso mesmo. Teve de ser porque estava a ficar muito grande e com o calor ficava insuportável. Também é só a questão de uns dias porque cresce depressa.
Já não estava habituado a ver-me sem barba.
O Valter só dizia:
Que horror!!! Pareces um murcão!!!
Realmente, não sei se é de estar já habituado mas acho que fico melhor de barba.

terça-feira, abril 19, 2005

Inter-Rail - 8º Dia

28 de Julho de 2001 – Nápoles

Acordamos às 8h00 para arrumar as coisas e tomar o pequeno almoço.
Como só tinhamos comboio às 12h30 ficamos a fazer horas na pousada.
Estivemos a escrever os postais para mandar ao pessoal.

12h35 – Comboio

Pois é, acabamos de sair e temos ainda até às 18h para chegar a Brindisi, e sem saber a que horas há barco para a Grécia.
Compramos comida no McDonalds para comermos no comboio.
Para passar o tempo estivemos a jogar UNO e ao "sobe e desce".
Neste momento estou a escrever o "diário de bordo" e acabei de riscar os calções.
O Rui e o Valter estão no corredor a apanhar fresquinho porque este comboio não tem ar condicionado.
Um calor infernal, mas enfim... acho que vou dormir um pouco, pois estou cheio de sono.

segunda-feira, abril 18, 2005

Inter-Rail - 7º Dia

27 de Julho de 2001 - Nápoles

Acordamos cedo para ir para Nápoles e de seguida para Pompeia.
Chegamos a Nápoles e telefonamos para Pompeia para reservar quarto. Acontece que havia poucas camas e como não tínhamos a certeza se chegavam a tempo, decidimos ficar em Nápoles.
Horrível!!! O metro era horrível e sinistro.
Chegamos então à pousada e tudo parecia melhor.
Ficou feita a reserva e fomos dar uma volta.
Ai meu Deus! Q cidade horrenda. As pessoas são sinistras. Nas ruas não se percebe qual o sentido. Uma confusão total.
Ninguém respeita os semáforos e as passadeiras.
Tudo muito sujo.
Andamos uns metros, apareceu um tipo numa scooter a querer vender um telemóvel.
Quanto mais andávamos mais desiludidos estávamos.
Decidimos então ir só visitar as galerias Umberto I.
Enquanto íamos andando o Valter e o Rui foram ver roupas. Eu detesto andar às compras, mas enfim.
Mais uns metros à frente, outro tipo tentou vender uma câmara de vídeo digital.
Conseguimos chegar à galerias sãos e salvos.
Muito bonito, a única coisa que salvou o dia.
Fomos então a pé até à pousada. Passamos por umas ruas muito pobres. As casas de porta aberta davam para ver a miséria e a razão para tantos assaltos.
Como estávamos cheios de calor, tomamos um big duche e decidimos se íamos ou não a Pompeia.
O Valter não queria ir e não foi. Eu e o Rui lá nos metemos a caminho.
Quando chegamos à estação estava tudo avariado. O sistema de aviso de partidas e chegadas e das bilheteiras automáticas, estavam todos bloqueados.
Uma confusão total.
Fomos então perguntar às informações, ao q o senhor respondeu q o comboio para Pompeia era uma rede privada, pelo teríamos de nos deslocar a outro sitio.
Pagamos então 3500 LR para ir até Pompeia.
Uma seca enorme num comboio tipo metro sempre a parar.

Pompeia

Passados 45 minutos chegamos à Vila Mistério, descemos e fomos até à entrada.
Eram umas 6 e tal quando lá chegamos, senão o nosso espanto, mas a entrada para as ruínas tinham acabado de fechar.
O Rui só dizia:
- onde é que ele está? Eu vou-lhe bater! Deve Ter feito alguma promessa para nós não vermos.
Da parte de fora ainda dava para vermos alguma coisa.
Como estávamos cheios de fome fomos a uma pizzaria que ficava ali perto.
Comi uma pizza de cogumelos, que estava óptima.
Fizemos todo o caminho de regresso.

21h30 - Nápoles

quando entramos na pousada vinha o Valter a subir as escadas com o caderno na mão e uma carinha de pobrezinho.
Mas não estava triste porque tinha falado com montes de pessoal.
Fomos então até ao quarto porque queria imenso ir ao WC.
Quando entramos no quarto, uma voz disse:
- Hi!
Nós respondemos, e ele perguntou:
- Where are you from?
Ao que nós respondemos:
- Portugal.
- Eu sou brasileiro, podemos falar português. – disse ele
Tivemos uma longa conversa pela noite dentro.
O Bruno, assim se chamava o brasileiro, era um tipo muito fixe e estava a estudar em Udini.
Vinha em viagem, porque tinha ido passar uns dias a casa da namorada no sul.
Trocamos os emails e decidimos dormir.

quarta-feira, abril 13, 2005

Inter-Rail - 6º Dia

26 de Julho de 2001 – Roma

Acordamos às 8h30 e fomos em direcção ao Vaticano.
Logo pela manhã o calor começa a apertar (nem quero imaginar o que vai ser na Grécia).
Cidade do Vaticano
Entramos na Praça de S. Pedro. Desilusão, parecia ser maior nas fotos e na TV.
Fomos então directos para a cúpula. Pela primeira vez travamos conhecimento com uma família portuguesa de Torres Novas.
Podíamos fazer parte da subida de elevador, mas como bons desportistas que somos (cof cof cof cof) fomos a pé.
A primeira parte não custou muito (que ia até ao elevador).
Tínhamos agora 320 degraus para subir.
Os corredores apertados e o calor sufocavam. Só me apetecia beber água.
Chegamos finalmente à segunda etapa.
Estamos na cúpula, na parte interior.
Espectáculo, as pessoas parecem formigas lá dentro na Basílica de S. Pedro.
Saímos e subimos mais um pouco.
Estávamos agora "no topo do céu".
A vista é formidável. Vemos Roma toda e a Cidade do Vaticano.
As minhas vertigens é que me obrigaram a regressar para o interior.
Estava tão cansado que as minhas pernas tremiam.
Regressamos então "à terra".
Fomos então visitar a Basílica. Realmente qualquer igreja perante aquela, são todas "ridículas".
É tudo muito grandioso e espectacular. As estátuas, as pinturas, etc.
Saímos e depois de tirarmos umas fotos na Praça de S. Pedro, comemos as nossas sandes e fomos para o museu do Vaticano.
Tal como na Basílica, é tudo tão bonito que não há palavras que exprimam aquilo que vimos.
Mas do que nos estávamos à espera era da Capela Sistina. Sem dúvida lindíssima!
Quando saímos do museu fomos então dar mais umas voltas pela cidade.
Vimos então a Praça de Espanha onde tem as famosas escadas do "Moda Roma".
Sinceramente não gostei muito.
Na rua em frente ficam as lojas dos estilistas mais famosas.
De seguida, fomos para a Praça onde fica a Fonti di Trevi. Esta sim, uma fonte lindíssima num edifício também espectacular.
Tal como é da praxe atirei a minha moeda de costas para fonte e pedi o meu desejo.
Fomos andando até que chegamos a uma avenida onde se encontra o "Planet Hollywood". Tínhamos de entrar.
O Valter tomou um café e eu um capuccino.
Nas paredes algumas roupas utilizadas em filmes e coisas relacionadas com o cinema.
Por cima da porta da entrada uma estátua em cera do Silvester Stallone, e logo em frente uma estátua do Arnold Schwarzeneger no papel de Extreminador.
Tiramos umas fotos junto do Extreminador.
Como estávamos muito cansados fomos tomar um banho.
Quando chegamos à estalagem estavam lá umas mochilas, e qual o nosso espanto quando nos aparecem 3 raparigas.
Eram americanas e muito fixes. Falamos mais com a lourinha, que se chamava Nicole.
Estavam a acabar as férias deles e estavam a adorar a Europa.
Saímos à noite e fomos ao Hard Rock Café. Um espaço muito giro, cheio de música, e tal como no Planet Hollywood, nas paredes referências a antigas músicas e grupos.
Compramos umas t-shirts e fomos beber uns cocktails.
Antes de saímos fomos dar uma vista de olhos pelas coisas que estavam afixadas nas paredes.
E para meu espanto tinham lá coisas dos U2. Os óculos do Bono aquando da tour do Zooropa, e uma camisa do Edge.

segunda-feira, abril 11, 2005

Inter-Rail - 5º Dia

25 de Julho de 2001 – 06h0 - Florença

Saímos logo de manhã , 6h30 para apanhar o comboio da 6h40.
Ainda tivemos de correr, e de mochilas. Acreditem que é dose!!!

8h30 - Roma

Um dia para esquecer.
Não havia quartos na pousada. Isto depois de uma manhã e meia tarde na pousada para nada.
Telefonemas e mais telefonemas, e nada.
Acreditem estava super, não, hiperdesanimado.
Só queria chorar e desaparecer.
Mas enfim não quero lembrar.
Quando estávamos a entrar na estação já para ir para lado nenhum, um "monhé" perguntou se queríamos um quarto. Qual anjo aparecido do céu. Hehehehhehe
3500$00/dia e direito a água fria, nada mau.
Tomamos banho e fomos á descoberta de Roma.
Andamos na zona do Coliseu.
Adorei o monumento em memória de Vitor Emanuel.
Tudo à grande e à italiana.

quarta-feira, abril 06, 2005

Inter-Rail - 4º Dia

24 de Julho de 2001 – 07h34 – Génova

Acordei! O dia estava muito bonito.
Arrumamos as coisas e fomos tomar o pequeno almoço.
Cafézinho com leite, um pão, manteiga e compota.
Compramos uns postais e fomos apanhar o bus até Brignole, a outra estão de comboios em Génova.
Tivemos de ir no IC onde pagamos um suplemento de 9600 LR.
O IC é do pior. Não há lugares marcados. Vai quase tudo de pé e ao monte.
Estou a escrever, e estou sentado no degrau das escadas da carruagem. Gente pobre!!!
Estamos a caminho de Pisa. A famosa torre que pelos vistos já está direita. Logo vemos.

13h30 – Pisa

O calor apertava e nós de mochila às costas.
Decidimos telefonar (eu e o Rui) para o Tribunal.
Falei com a Fernanda, que pela voz, ficou surpreendida e contente.
Saímos da estação e lá decidimos pormo-nos a caminho.
Nem imaginam o trauma. Um calor dos diabos, a mochila, e não sei porque, estava super desconfortável.
Aquilo não parecia terminar.
Fomos tirando umas fotos aqui, outras fotos ali.
Chegados à Piazza dei Miracoli, avistamos a famosa torre (que afinal ainda está inclinada).
Eram resmas de pessoas, debaixo de um sol imenso a torrar.
As visitas à torre estão interditas devido às obras que foram feitas por forma a diminuir a inclinação.
A torre estava a inclinar na ordem de 1 mm por ano. Com as obras diminuiu-se 40% da inclinação que tinha.
Tiveram mesmo de fazer as obras, porque estava mesmo em riscos de cair.
Demos uma volta pelo resto dos monumentos e edifícios, mas não entramos porque estava muita gente e queríamos ainda ir para Florença.
Ah! Comemos uns gelados divinos por cerca de 650$00. Hummmm! Soube tão bem! Heheheheh é só inveja.

Florença

Chegamos à estação e eu estava com uma vontade imensa de urinar.
A casa de banho estava um nojo, mas enfim...
Ficamos um pouco perdidos sem saber muito bem o que fazer, porque em Florença é extremamente difícil encontrar quarto.
Decidimos inicialmente dormir na estação. Fomos por os sacos lá num local apropriado, por 12h.
A cidade é lindíssima. Sem dúvida é um local que terei de voltar a visitar.
O primeiro monumento que vimos foi o Duomo.
Qualquer coisa de fenomenal. Uma cúpula toda pintada. Naquela igreja não existem figuras, unicamente pinturas. Fez-me lembrar uma igreja ortodoxa (se bem que nunca vi nenhuma ao vivo).
Na cúpula havia vários círculos onde em cada um deles simbolizava uma determinada coisa.
Desde o aparecimento do homem, segundo a bíblia, à vida de José e à crucificação de Cristo.
O estar lá, e o descrever é difícil, todas as cores – o vermelho e o dourado – tornam aquilo tudo tão belo, só vendo mesmo.
Saímos e deparamo-nos com outro grande edifício que não me recordo o nome. Quando digo grande, é mesmo grande.
Fizemos a nossa primeira paragem logo a seguir para tomar um café, que se prolongou por uma pizza e uma cola.
Andamos até que encontramos outra praça enorme, a Ufizzi.
Fiquei deslumbrado. Todas aquelas estatuas que eu estava habituado a ver nos livros de história, estão ali à nossa frente. A história parece que está a acontecer.
São monumentos que nunca esquecerei.
Por cada passo que dava parecia que estava numa feira cheia de mercadores...
Chegamos à ponte Vechio, outra coisa fabulosa. As lojas de comércio, essencialmente ourivesaria, estão situadas na ponte em edifícios da época (não há palavras).
Atravessamos a ponte e andamos até que nos esquecemos das horas para ir procurar quarto.
Percorremos toda a cidade, até que por coincidência começamos a perguntar por quartos.
Tal como prevíamos, tudo lotado.
Fomos para a estação em busca de horários de comboios para Roma, a ver se ainda havia quartos.
As coisas tornavam-se difíceis. O cansaço esta a apoderar-se de nós.
O Valter estava com fome e fomos ao McDonalds.
O que fazer? Fomos ao saco tirar uma lista de albergues e toca a telefonar para Roma.
Para hoje estava tudo cheio.
Merda! Dormir na estação não me agrada muito - pensei eu.
Fomos perguntar a um polícia como seria à noite na estação.
Até à 1h30 a estação estava aberta, mas depois tínhamos de sair e o ambiente à noite naquele sítio não era o melhor.
Desanimados fomos andar já a pensar que seriamos assaltadas.
Entramos numa pensão, mas era cara.
Atravessamos a rua e entramos noutra que também era cara.
No mesmo edifício entramos e conseguimos negociar um preço razoável – 5000$00/cada.

terça-feira, abril 05, 2005

Inter-Rail - 3º Dia

23 de Julho de 2001 – Ventimiglia

Lá chegamos nós sãos e salvos ao nosso primeiro destino.
Ventimiglia é uma cidadezinha muito bonita.
Uma cidade tipicamente italiana.
Imensas scootters.
É verdade, e eu que pensava que isso era só nos filmes e na TV.
Descemos por uma rua cheia de comércio.
A meio da rua e do lado direito, quem desce, o mercado municipal.
Mais a baixo e do lado esquerdo os bombeiros.
A rua vai dar a um grande jardim, que por sua vez vai dar a um rio.
A água transparente do rio com os seus atos, torna o cenário muito bonito.
A jusante viam-se os montes, que por isso, que penso serem pertencentes à cordilheira dos Alpes.
Atravessamos a ponte e fomos até junto à praia.
Voltamos então ao jardim onde fomos festejar os anos do Valter.
Sentamo-nos num banco, enquanto saquei da mochila, o Rui da mochila dele tirou as velas.
Ele ficou surpreso e "tão cheio de contente".
Ainda ficou mais contente (acho eu) quando viu o presente.
Quem ficou ainda mais foi o Rui porque deixou de carregar com ela.
Depois da pequena pausa, fomos então para a estação.
Valeu a pena termos esperado pelo comboio inter-regional.
A viagem até Génova foi muito bonita.
Grande parte foi junto ao mar.
As parias cheias de pedregulhos estavam também cheias de pessoal. O Valter só pensava em ir dar um mergulho.

Génova

Hei-nos chegados a Génova P.P.
Aqui começou a nossa saga.
No guia das pousadas dizia que a pousada ficava a 3 km da estação. O que nós não sabíamos é que eram 3 km a subir.
Génova é uma cidade essencialmente situada nas encostas.
Bem, não imaginam o que foi. De mochilas, com o sol e a subir!!!
A meio do caminho perguntamos a um signore o melhor caminho.
Foi então que ele nos indicou umas escadas que iam dar até lá ao cimo.
Cortamos muito caminho, mas foi um martírio com o calor.
Eu aguentei mais ou menos, mas os meus "compinchas" estavam derreados.
Tadinhos!
Após uma grande esforço, chegamos da hora, pelo que nos sentamos na escadaria à sombra.
Foram uns 35 minutos de silêncio. O cansaço tinha-se instalado sobre nós.
A paisagem da pousada, lá do cimo do morro, era fantástica.
À porta encontravam-se uns tantos estrangeiros.

15h30

Abriu-se a porta da pousada.
O Rui mostrou o papel da reserva e lá a signora nos deu a chave do quarto.
O número sorteado foi o 350.
Um quarto com 8 camas, e apenas uma estava ocupada.
Tomamos o nosso banho. Acho que um banho nunca me soube tão bem.
Por incrível que pareça, acho que me saiu um peso de uns 10 kg de cima (se calhar foi da mochila heheheheheh).
Fomos á recepção pedir um mapa e compramos bilhetes para o autocarro.
Apanhamos o autocarro, o 40, e lá fomos nós em direcção ao centro.
Oh, meus amigos, não imaginam os malucos que são os condutores dos autocarros.
O nosso primeiro ponto da visita foi na Piazza Annunziatta.
Uma igreja fabulosa, não há palavras que descrevam.
Andamos pelo centro histórico, ruas estreitas com igrejas em quase tudo que é sitio.
Ao fim da noite, fomos à procura de restaurantes, só que, andávamos pelas ruas erradas.
Encontramos um fantástico. Por 17 000 LR (1700$00) 2 pratos, pão. Sobremesa e bebida.
Eu comi uma magnífica carbonara e carne assada com batatas fritas.
Após o jantar fomos até ao porto, onde aí sim estavam localizados os restaurantes e bares.
Como tínhamos de ir apanhar o bus para a pousada não pudemos ficar mais tempo.
Ainda a caminho do bus, descobrimos que Génova vai ser em 2004, capital europeia da cultura, e que também está a construir o metro (afinal não é só o Porto).
Chegamos à pousada e no quarto já tínhamos mais roommates. Dois noruegueses muito simpáticos, que se intitulavam de "vikings".
Estivemos a falar com eles montes de tempos, até que depois fui ao WC desfazer a barba e as necessidades.
Quando eu e o Valter chegamos ao quarto já estava tudo a dormir. Ficamos a conversar um pouco. O Valter estava desanimado. Estava muito cansado e triste. Acho que foi as saudades, o facto de fazer anos, e sem dúvida a exaustão.
Foi um dia cansativo.
Deitamo-nos e logo adormecemos.

sexta-feira, abril 01, 2005

Inter-Rail - 2º Dia

22 de Julho de 2001 – algures no País Basco – Espanha

Os putos do compartimento ao lado, fartaram-se de dormir e acordamos de madrugada.
Quanto isso o outro ainda ressonava.
Nesse mesmo instante um indivíduo passava de sineta na mão a acordar o people.
Bem, lá tivemos que acordar mesmo.
Já há muito tempo que não me lembrava tão cedo a um Domingo.
Paramos uns minutos em San Sebastian.
Adorei a arquitectura da cidade.
Edifícios simplesmente magníficos, de uma beleza estonteante.
As ruas todas muito certinhas e muito bonitas.
Por toda a cidade se vêem árvores e espaços verdes.
Por momentos esqueci-me que estávamos no País Basco, onde por vezes aquele povo se depara com os "monstros" guerrilheiros da ETA.
Passado um pouco lá fomos nós com destino a Hendaye, o final da nossa primeira etapa.

Hendaye – França

Xigamos!!!
Estávamos um pouco perdidos. Não sabíamos para onde nos dirigir.
Começamos a andar em direcção do que pensávamos ser a passagem para a gare.
Parece que acertamos.
Chegados à gare fomos ver o horário do comboio para Ventimiglia, o que foi confirmado.
Faltava-nos porém a reserva da couchette. Quem ia perguntar?
Quem sabe falar francês? – perguntei eu.
Eu não... – dizia o Rui
Nem eu!... – Valter
Talvez eles saibam espanhol, e assim falas tu Rui. – disse eu
Dirigimo-nos ao posto de informação. Decidi então eu próprio, por à prova o meu francês.
Bonjour, pour le train pour Ventimiglia ce necessaire reserve pour les couchettes? – disse eu.
Primeiro ela disse que estava esgotado, mas depois perguntou qual era o tipo de bilhete, ao que respondi que era Inter Rail
Lá reservamos as couchettes.
Pagamos 270 FF = € 13.25 = 2700$00.
Mas afinal de contas o que vamos fazer em tantas horas!!!
Estávamos com fome decidimos ir comer qualquer coisa.
Como não tínhamos dinheiro, fui levantar francos.
Fomos ao multibanco, que por sinal era um banco franco-português do grupo CGD.
Levantei 200 FF e lá fomos tomar o nosso pequeno almoço.
Comemos umas baguetes, uma meia de leite e um café.
Depois de tirarmos umas fotos, decidimos dar um passeio.
Hei-nos chegados a este sítio muito bonito, onde me encontro a escrever estas linhas.
Eu e o Rui ainda não tínhamos começado a fazer o relato da nossa viagem, por isso estamos a por tudo em dia.
O Valter, esse está deitado ao sol na sua toalha de praia.
Deste recanto junto ao mar, onde se encontra uma marina, podemos avistar a cidade – Irun – de onde se destaca a torre de uma igreja.
A única coisa que "perturba" esta paisagem são os aviões a levantar voo do aeroporto de San Sebastian.
Para finalizar esta manhã, e em duas palavras:
- Tou amar!!!

19h33 – Algures entre Dax e Pau

Após a nossa pequena estada em Hendaye, começamos a nossa viagem.
Mas antes não posso esquecer o nosso "encontro do 3º grau" (por agora).
Um francês de Lille, aproximou-se de mim. Começou por falar do que é que eu achava da minha T-Shirt (a dos Pink Floyd).
Pois é! Não lembra nem ao diabo.
Foi uma conversa muito interessante.
Uma mescla de inglês, francês e espanhol.
Ao fim de algum tempo de conversa vim a descobrir que ele era investigador de arte e ciências (dizia ele).
Enquanto isso o Rui e o Valter divertiam-se com as bolas de malabarismo e travavam conhecimento com uma "palhaça" francesa e um "homem do norte, carago"!!!
Finalmente levantou-se o "melga" e foi para... algures.
Antes de se retirar, perguntou-me de onde eu era, ou mais concretamente:
wich part of England?
E eu respondi:
I’m portuguese.
Ficou admirado com o meu inglês, principalmente com a pronuncia. Fiquei todo babado.
Antes que ele voltasse a meter conversa, fomos para o cais de embarque.
Passados uns minutos lá apareceu o nosso "quim"
Entramos e já tínhamos os nossos companheiros de viagem.
Nada mais, nada menos, que um casal americano, muito simpático.
Tinham passado por Portugal – Porto e Lisboa.
Segundo disseram, gostaram muito.
Ele – o Brian - arquitecto e ela engenheira – a Michelle - – a Michelle – tinham terminado o MBA em Nova York.
Começamos a falar de muitas coisas, até que quando dissemos os nossos destinos eles disseram que conheciam.
O Brian tinha estado a estudar em Florença e a Michelle em Roma.
Indicaram-nos muitos sítios para visitar, entre cidades e locais de interesse.
Depois de uma noite mal passada não podiamos esperar melhor.
O meu receio é quando tirar os ténis e começar a cheirar mal....
Mas eu e o Rui já arranjamos um estratagema.
Bem, por ora é tudo.

22h38 – Comboio - Viagem entre Hendaye e Ventimiglia

"Olá cá estou eu novo brise contínuo! "
Por falar em "brise", pois é, nem imaginam o cheiro que é quando se passa por algumas carruagens.
Espero que a gente não chegue aquele ponto!
Os nossos toalhetes fazem milagres, por agora.
Tal como já referi, tivemos sorte com os nossos companheiros. Coitados imaginem que quando iam ao restaurante a porta da carruagem estava fechada. Ou seja não havia acesso ao bar.
Gente pobre!!! Ainda falam dos portugueses.
Que ideia não vão levar os nossos amigos para a Califórnia.
Sim, não me enganei, eles estiveram a estudar em Nova York e vão viver para a Califórnia.
Estamos todos arrasados por causa da noite de ontem.
O Rui já se deitou, aliás já estamos todos deitados nas nossas camas.
O Valter "tadinho", já tá triste por ir fazer anos em viagem.
Apesar de o animarmos com o facto de que não é todos os dias que se passa o dia de aniversário no estrangeiro.
Mesmo assim está com uma carinha triztinha.
É compreensível.
Amanhã começa o nosso verdadeiro dia.

23h00 – Estação de Toulouse
Os nossos amiguinhos foram à procura de comida. Estão mesmo esfomeados.
O Brian só dizia:
- I’m starving.
O comboio parte às 23h18, eles foram lá fora, espero que não percam o comboio.
Afinal já chegaram e encontraram comida.
Tal como um grande american movie, um final feliz.