quinta-feira, abril 21, 2005

Inter-Rail - 9º Dia (1ª parte)

30 de Julho de 2001 – Paraeus - Grécia

Estou sentado num café à espera que chegue a hora para apanhar o barco.
Mas voltando atrás...
... chegamos a Brindisi e atravessamos a rua da estação para ir tratar do bilhete para Patras.
Ficamos admirados porque para nosso espanto tivemos de pagar 46000 LR de suplemento (Chulos!!!).
O barco era às 19h30 e nós tínhamos pouquíssimo tempo e tínhamos de ir levantar dinheiro porque estávamos completamente lisos.
Uma confusão na casa de câmbios, porque não saibamos como fazer contas rapidamente de dracmas para escudos.
O homem dos barcos veio a correr porque tinha o táxi à espera e ainda estávamos longe do cais.
Saímos a correr sem dinheiro. Só tive tempo de ir levantar com o VISA 30 000 LR para pagar o táxi.
O homem do táxi foi a voar. No cais uma confusão total. Tivemos de sair a meio da fila e fomos a correr de mochilas as costas.
Grrrrrrrrrr, que horror!
Fizemos o check-in.
Entretanto os nossos amigos finlandeses chegaram e contaram-mos que foram chulados. Enquanto nós pagamos 30.000 LR de táx, eles pagaram 40.000 LR.
O Rui como estava mais à frente eu peguei no bilhetes deles e tratamos de tudo.
A partir daí ele fizeram a viagem junto de nós.
Entrámos para o barco. Escadas rolantes logo à entrada, até parecia luxuoso.
Pois! Era bom demais para ser verdade.
Tínhamos que ficar a dormir no convés. Quer dizer, nós e os outros.
A cena mais parecia aquela do "Titanic" em que os "pobres" estavam todos no porão. Buáaaaaaaaaaaaaa!!!
A noite começou a cair. Eram umas 8h e tal quando o barco partiu. O frio começava a apertar.
Pela primeira vez nas férias tive frio. Vesti a minha sweat-shirt do ISCAP e la ficamos.
Como o Valter ainda tinha 10.000 LR e o Rui uns trocados, fomos mais o finlandês trocar por dracmas.
Em seguida, como não tínhamos comida, fomos ao bar comprar umas coisitas.
Pegamos nas mochilas e fomos para um sítio mais resguardado para comer e passar a noite.
Jantamos o nosso humilde comerzinho, e como não havia nada para fazer, metemo-nos nos sacos cama e toca a dormir.
O saco cama é óptimo, é mesmo dos bons. Só já quase ao amanhecer tive um pouco de frio mas nada de preocupante.
Todos juntos (nós três e o casalinho finlandês) dormimos a noite toda.
Eram para aí umas 8h e tal da manhã e já estávamos acordados.
Já se via a costa. A paisagem era muito bonita. Mal nós sabíamos que só chegávamos às 13h00.
Após 14 horas de viagem lá chegamos á Grécia.
Em Patras separamo-nos dos nossos amiguinhos e fomos comer.
Comemos umas sandes muito boas. Faltavam 5 minutos para o comboio e fomos para a estação.
"Resmas" de pessoal à espera. Eis que chega o comboio (pseudo comboio).
O meu martírio estava a chegar.
Não imaginam, parecia uma cena de um país sub-sub-sub-desenvolvido.
Um calor insuportável, um sufoco total.
Uns bancos super velhos. O comboio parecia estar a despedaçar-se. Tínhamos 5 horas de viagem, o meu desespero foi total.
Fui-me abaixo das "canetas".
Só me apetecia desaparecer e chorar. Estou a falara sério.
Eu não queria demonstrar isso, mas o Rui e o Valter estavam sempre a meterem-se comigo.
Eu pura e simplesmente dizia para me deixarem.
O Valter ficou chateado comigo...
Quando chegamos a Atenas havia outro desafio a superar, encontrar quarto.
Uns homens distribuíam panfletos de pensões.
Nós tínhamos decidido ir de qualquer modo à pousada da juventude.
Tudo em Atenas nos é estranho.
A língua e a escrita é tudo diferente.
O que vale é que por baixo do nome das ruas, está escrito com os nossos caracteres.
Quando chegamos à pousada da juventude, para variar estava tudo cheio.
Antes disso tínhamos visto um quarto numa pensão que era pura e simplesmente horrível.
Saímos da pousada e quase em frente estava uma pensão. Vimos o quarto e ficamos.
Quando chegamos ao quarto o Valter virou-se para mim e disse:
Tás todo verde!!!
E não é que estava mesmo.
A minha t-shirt estava imunda, o meu pescoço verde, os meus calções também.
QUERO MORRER!!!
Tomei um banho duplo (isso mesmo).
Pusemos as roupas sujas de molho e fomos jantar.
Na recepção dois rapazes brasileiros estavam de saída.
Fomos então a um snack onde comi um pitchua (não sei se é assim que se escreve) e uma cerveja.
Demos umas voltas, compramos uns gelados e umas compritas.
Lavamos a roupa que ficou a estender a noite toda.
Hoje de manhã acordamos às 8h00, arrumamos as coisas, deixamos as mochilas na pensão e fomos para a acrópole.
O metro em Atenas é um espectáculo (a linha nova), tudo muito limpinho e bonito.
Nas estações até têm peças que encontraram aquando das escavações do metro.
Eram umas 10h30 quando chegamos à acrópole.
O calor já era enorme (35º) e tudo sem sombras.
Montes de pessoas. Lá fomos comprar o bilhete, e pela primeira vez o cartão internacional de estudante, serviu para alguma coisa – 1000 dracmas, metade do preço.
Apesar de ter gostado, pensei que fosse outra coisa.
O Parthenon está em obras de restauro e conservação.
Demos a volta aquilo tudo, tiramos as fotos "Dulce Pontes" como o Valter diz, e viemos embora.
Entramos no metro, e como os brasucas disseram que não havia crise em andar sem pagar, lá fomos.
Azar do caraças, não é que entraram os fiscais! Saímos logo na estação e fomos a pé.
Fomos andando até que encontramos uma agência de viagens e fomos comprar os bilhetes para ir para Mykonos.
Depois de comprados os bilhetes – 5000 Dracmas – fomos à pensão buscar oas mochilas e almoçar.
Apanhamos o metro e cá estou eu ainda sentadinho no café à espera da hora do barco.
Espero que os próximos dias em Mykonos sejam bem melhores e façam ultrapassar a minha má impressão acerca da Grécia.
Pode ser que com uns dias de praia a coisa se componha.
Mas só de pensar que tenho de fazer aquela viagem horrível outra vez até Patras, até fico doente. A ver vamos.
Lembrei-me agora.
Cortei a barba! Isso mesmo. Teve de ser porque estava a ficar muito grande e com o calor ficava insuportável. Também é só a questão de uns dias porque cresce depressa.
Já não estava habituado a ver-me sem barba.
O Valter só dizia:
Que horror!!! Pareces um murcão!!!
Realmente, não sei se é de estar já habituado mas acho que fico melhor de barba.